01/03 (Sufi Kalre): Embates De Razões

CAP 03 | Embates De Razões

Enquanto Sufi e Tabatá cobram explicações do delegado, as policiais Danielle e Daniella ficam sem entender o que está acontecendo, pois os jovens não possuem envolvimento com o crime. Apesar das indagações, o delegado Mauren dá diversas respostas evasivas. Então, após muita insistência, ele revela o motivo de manter os jovens ali.

- Vocês estão nervosos em excesso. Eu sei ... Eu sei ... Parece que estamos suspeitando de vocês, mas não é isso. Como não sabemos as motivações do grupo, fortemente armado e preparado, que invadiu essa base submarina, tenho a ordem de preservar você, Sufi. Espero que, como filho de um brilhante cientista, essa razão seja mais do que suficiente para você raciocinar e entender a realidade. Não há quem não saiba do seu parentesco com o esplêndido Dr. Carlide. Você foi enviado para viver nessa estação, pois, dentre todos os lugares da nação de Sápotas, esse deveria ser o mais seguro dos mundos. Entretanto, agora, já não podemos ostentar esse adjetivo.

Ainda indignado por não poder fazer a prova do dia seguinte, Sufi rebate.

- Qual a probabilidade de eles retornarem após toda a confusão que fizeram? Esses bandidos sabem que, a essa hora, todos os guardas que patrulham a cidade estão verificando cada centímetro quadrado desse lugar. Não há como tentarem uma invasão sem serem vistos e abatidos. Eles perderam o fator surpresa.

Após ajeitar os bigodes e, depois, as luvas metálicas sobre a mesa, o delegado Mauren responde a argumentação do jovem.

- Engano o seu, Sufi. Eles têm o fator surpresa de que ninguém irá imaginar uma segunda invasão. Alguns policiais estão trabalhando com a possibilidade do robô, que eles levaram, ter sido uma distração e que ainda tenha gente deles dentro da cidade. Estamos passando um pente fino na identificação de todos os moradores e verificando as câmeras. Entretanto, esse grupo de mercenários deve ter tecnologia suficiente para adulterar os registros de gravação e usar máscaras moldáveis de carbono que assumem a forma de qualquer tipo de rosto. Por esses motivos, estamos em alerta máximo e conferindo cada canto da cidade com o pessoal. Já foi solicitado reforço da superfície.

- Isso significa dizer que, até o perigo passar, vamos ficar aqui. Quanto tempo isso irá durar? Um dia? Quatro? Uma semana? Um mês? Até a força tarefa e o exército chegarem aqui? E se não houver uma nova ação deles, irei ficar com vocês para sempre? Se não for para ter liberdade aqui dentro, eu prefiro voltar à superfície e morar com meu pai. Como você falou ... SOU FILHO DO DR. CARLIDE E POSSO PLEITEAR ISSO PARA ONTEM!

- Não pode Sufi. Seu pai ligou para o prefeito da cidade e pediu para que te protegêssemos a todo custo. Essa delegacia é o melhor lugar que você pode ficar no momento.

- Então, manda a Tabatá de volta! Ela tem que ficar presa também? Ela é órfã. O que o senhor vai dizer? Que meu pai deu ordens para vocês manterem ela aqui também!

- Ela é sua amiga e poderia ser usada como isca. Além disso, ela esteve na biblioteca com você. Alguém pode ter monitorado vocês dois juntos e interpretado a Tabatá como sendo sua namorada. Você quer colocar essa jovem inocente em risco? Também estamos procurando seu outro colega, o Tite. Todos sabem que vocês são um trio inseparável. Logo, um policial chegará com ele aqui.

Sufi olha para Tabatá, que está paralisada e sem saber o que dizer. Em pensamentos, Sufi reclama com ele mesmo.

“Droga ... DROGA!! Não posso deixar a Tabatá e o Tite em apuros.”

Longe da imensa base subaquática da nação de Sápotas, ainda no fundo do mar, dentro de um imenso cargueiro naufragado envolto por um campo de força e sensores de ocultação, numa região repleta por inúmeros vulcões marítimos adormecidos, um grupo de mercenários está saindo de dentro de minissubmarinos. O veículo emerge dentro de um bolsão de ar no interior da estrutura e o bando desce num galpão daquela imensa embarcação. Ali é a base operacional provisória daquele distinto grupo, composto por 8 mercenários. Todos eles possuem, em comum, uma tatuagem de rinoceronte nos ombros. Um deles tem o cabelo azul com um topete cinza e é conhecido como Killage, o chefe daquele bando. Além disso, ele se destaca dos demais pela nítida cara de sádico que carrega e uma imensa marca na testa, que parece uma carta de oito de copas impressa a ferro quente. Aquela estranha cicatriz parece indicar que Killage, no passado, esbarrou com alguém que ele não deveria ter cruzado o caminho. Coçando a testa, o líder reflete.

“Ocorreu tudo bem ... Pena que isso é só o começo. Serei o vitorioso no final, aquele que ri de tudo e todos ... Por esse motivo, mantenho-me de pé ainda. Com o que conseguimos hoje, estou mais perto de obter o mundo todo para mim. Irei me tornar o rei de tudo. O REI DE COPAS!”

Para segurar a imensa vontade de soltar um riso lunático, que ecoaria por todo o lugar, Killage, rapidamente, coloca a mão na parede e tira um canivete do bolso. Posicionando o brilho da lâmina diante dos olhos, ele vê o restante do grupo o observando pelas costas dele.

“Falta pouco ... Em breve, me livrarei desses pesos que não servem para nada ... Tudo irá sair conforme eu planejei ...”

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