01/03 (Flon Singor): As Flores Do Sol
- webquadrinhosdefu
- 1 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 13 de jun.

CAP 03 | As Flores Do Sol
Longe do local abandonado onde Flon e Manu estão, especificamente na cidade onde os dois moram atualmente, a simpática e sorridente Rebeca Singor, mãe de Flon, está preparando mais arranjos na floricultura em que ela trabalha e é dona. Serenamente, a mulher faz uma pergunta para uma garota próxima.
- Você sabe onde meu filho está?
A menina, que regava algumas mudas de violetas, se vira e procura de onde estava vindo a voz. Ao avistar a tia, Beatriz Singor, de uns 14 anos, dá de ombros e balança a cabeça em negativa para reforçar que não tinha a mínima ideia. Após, Rebeca pergunta a Tadeu, seu outro sobrinho, se Flon tinha comentado que iria para escola. Rapidamente, o garoto, de uns 15 anos, responde.
- Tia, aquela escola mais desestimula os alunos do que outra coisa. Todo dia tem uma briga diferente lá e seu filho não é um poço de calma. No fundo, acho que ele matar aula é até melhor.
A outra sobrinha de Rebeca, Camila de 17 anos, dá uma cotovelada discreta no irmão e sussurra algo para ele.
- Vê se não fala besteira.
Depois, a mais velha dos sobrinhos se vira na direção da tia.
- Eu acho que o Flon ... Bom ... Eu acho que ele deve estar procurando, novamente, uma medalhinha que a senhora perdeu. Outro dia, eu vi o primo reclamando alto sobre isso enquanto ele colocava as encomendas na bicicleta. Na situação, ele se perguntava por qual razão a medalhinha tinha “tomado” um de chá de sumiço.
Beatriz, a mais nova, fala ao longe.
- Tia! Qualquer coisa, basta perguntar pro carrapatinho que não desgruda dele. Tenho certeza que a Manu deve saber onde ele está.
Levemente vermelha de raiva, Camila completa as palavras da irmãzinha dela.
- O que é verdade Tia! Não importa a quantidade de foras que ele dê nela, a peste da Manu tá sempre seguindo o Flon.
Após o comentário de Camila, Tadeu se manifesta.
- Aquela lá é um caso sério. Eu não sei quem é pior: a Manu que não larga o Flon ou a Camila que arrasta um caminhão para o primo.
Tadeu fala isso e, espertamente, sai correndo pra longe de Camila, que já está com um saco de terra para jogar em cima do irmão. Indiferente a “troca de carinho” entre os sobrinhos, Rebeca olha na direção das nuvens pela janela da loja.
- Tudo bem que Flon tá de folga hoje, mas não é bom ele sumir assim sem avisar. Ele sabe que fico extremamente preocupada quando ele desaparece.
Enquanto os Singor conversam, ao mesmo tempo que Tadeu foge de Camila, uma nova funcionária da floricultura, que está ao lado de Rebeca, escuta tudo com atenção. A novata busca uma forma de se entrosar com a família no primeiro dia de trabalho dela ali. Samanta - uma mulher de 32 anos, cabelos com tranças, morena e muito simpática – faz uma pergunta, inocentemente, para a chefe.
- O pai de Flon não chama a atenção do filho?
Achando que tinha conseguido entrar na conversa finalmente, Samanta percebe as meninas gesticulando um sinal de negativo com as mãos sem que Rebeca perceba. Para piorar a situação da nova funcionária, ela também enxerga Tadeu, ao longe, informando com gestos para não repetir a pergunta. Ao ver que a expressão da chefe tinha ficado um pouco triste, Samanta se desculpa e tenta mudar de assunto. Entretanto, para surpresa de todos, Rebeca responde.
- Não tem nenhum problema Samanta. Meus sobrinhos sempre se preocupam demais com isso. Infelizmente, o pai de Flon morreu quando meu filho tinha 1 ano de idade apenas. Foi num acidente, enquanto ele trabalhava na construção de um túnel. Eu quase não falo sobre isso, pois penso que, se fosse pra ser diferente, ele ainda estaria aqui com a gente. Aprendi, com o passar do tempo, que as lembranças não mudam o passado.
Rebeca, mostrando um sorriso forçado que os sobrinhos conhecem bem, pega um vaso de rosas amarelas.
- Ah! Estão aqui! A cliente da rua Constantino ligou perguntando se ainda tínhamos dela. Eu estava procurando já faz uns 10 minutos.
Se virando de costas para Samanta e as sobrinhas, Rebeca conclui.
- Meninas, eu vou fazer o embrulho dessas flores e já volto. Vou num pé e volto no outro.
Após Rebeca sair, Beatriz comenta que, certamente, a tia teria ido chorar no banheiro. Olhando para Samanta, a adolescente completa que eles evitavam falar sobre o pai de Flon por causa disso.
- Pra você ter uma ideia de como isso deixa a tia triste, nem o nome dele a gente se lembra mais.
Camila continua.
- Eu até sabia ... A tia comentou uma vez, mas ela levou duas horas chorando depois. Na época, eu fiquei tão desnorteada que, por vários dias, não perguntei mais nada sobre o tio. Com o tempo, eu esqueci o nome dele e eu não tive mais coragem de perguntar. O Flon sabe, mas ele evita falar também. Acho que ele está caçando essa medalha porque há uma foto do pai dele nela.
Samanta é só vergonha e arrependimento pela pergunta que tinha feito.
- Gente ... Eu ... Eu não sabia que era algo, assim, tão doloroso e sério. Quando ela voltar, não vou tocar no assunto. Vou continuar a fazer meu trabalho como se nada tivesse acontecido e como se vocês não tivessem me contado sobre.
Camila se aproxima de Samanta e dá dois tapinhas no ombro da nova funcionária para consolar a mulher.
- Melhor ... Melhor ... É o que a gente sempre faz quando isso acontece.
Após todos estarem mais calmos e focados nos respectivos serviços, Camila pega um celular e abre um aplicativo de monitoramento de parentes. Então, ela vê que Flon está na cidade onde morava com a mãe. Em seguida, ela digita um número no ícone de busca e, ao ver o resultado, a jovem fica vermelha de raiva. Não podendo gritar ali mesmo, ela segura os pensamentos.
"A carrapato está lá também! Aquela praga não desgruda?"
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