01/06 (Duon Naliart): Aprofundando A Investigação

CAP 06 | Aprofundando A Investigação

Após alguns minutos de perguntas, Duon já tem uma conclusão sobre a veracidade das respostas de Sofia. Então, discretamente, o detetive faz um gesto com a mão e sinaliza para Dick que ela pode agir. Nesse momento, Duon finge espantar um mosquito perto do rosto da estagiaria para que Dick pudesse pegar uma foto e colocar sobre a mesa. Sofia fica distraída pelo movimento rápido do detetive e não percebe o que a assistente dele tinha feito. Então, Dick chama a atenção da garota.

- Você conhece essa pessoa?

Quando Sofia vê o rosto da neta do Dr. Hector na fotografia, a jovem congela e a reação é percebida imediatamente pelos detetives. Ela tenta não gaguejar, mas as pernas dela denunciam o estado de nervo alterado, pois não param de tremer. Imediatamente, percebendo que poderia se complicar, Sofia bebe a água que está no copo que Duon bebia. Então, ela finalmente responde.

- Desculpa! Desculpa! Por um segundo, eu pensei que vocês tinham colocado a foto de um corpo encontrado numa cena de crime. Toda essa situação fora do normal pela qual venho passando mexeu, um pouco, com a minha percepção. Vocês só querem que eu diga se conheço ou não a garota da foto. Infelizmente, eu não posso ajudar. Nunca vi essa jovem.

- Desculpe pelo susto. Dick, pode guardar a foto. Por mais que a Lua dourada seja visível sempre num mesmo horário, compreendemos que não é fácil conviver com o terror da possibilidade de poder ver coisas estranhas a qualquer momento.

Após pegar um café, o detetive continua a falar.

- Por falar em probabilidade, gostaria de perguntar algo mais. Você conhece as histórias ligadas ao passado dessa faculdade?

- Lógico! O rito de iniciação dos calouros é acampar na floresta da raposa, o lugar onde o antigo diretor da faculdade desapareceu. Segundo a lenda, dizem que ele tinha um caso com uma aluna da turma de medicina, mas o pai dela descobriu e resolver por fim naquela situação. Todos os alunos contam que, muito provavelmente, o diretor não imaginou que daria problema ter um relacionamento extraconjugal com a filha de uma família tão importante. A galera fala sobre a tal raposa que, supostamente, carregou o homem, mas é consenso que isso foi uma cortina de fumaça. Por anos, o povo da faculdade entra naquela floresta e nunca viram coisas sobrenaturais. Eu, arrisco a dizer, que já vasculharam cada cantinho daquela área.

Dick, ao perceber que Sofia está mais calma após falar sobre algo que não fosse pessoal, aproveita para obter mais informações.

- Por falar em famílias ... Não chegamos a perguntar sobre a sua Sofia. Como seus pais estão lidando com a sua situação. Eles sabem que você tem tido essas alucinações?

Sofia ajeita o cabelo para trás e posiciona melhor a muleta perto da cadeira. Após fazer isso, enquanto estala os dedos, ela faz um breve resuma da história dela.

- Sou órfã. Fui encontrada numa caixa de papelão dentro de uma construção abandonada. Uma equipe que estava no local, para fazer um levantamento técnico sobre a demolição do lugar, escutou meu choro. Depois de ficar um tempo no hospital, para ganhar peso e sendo medicada, fui entregue ao conselho tutelar. Daí em diante, fui jogada de orfanato em orfanato, pois em todos os lugares, as outras crianças sempre me maltratavam por causa da minha deficiência na perna. Eu moro sozinha e desde cedo sou uma sobrevivente.

Enquanto Duon e Dick continuam a fazer mais perguntas para Sofia, um jovem nerd, numa biblioteca próxima ao café onde o trio está, escuta toda a conversa através de uma escuta colocada no brinco da estagiária. O rapaz usa óculos de grau, está de jaleco e possui o cabelo encaracolado. Moreno e de olhos castanhos, ele balança a cabeça, sutilmente, como se estivesse escutando uma música pelo fone de ouvido. As pessoas que passam perto enxergam um jovem pesquisador tirando alguns minutos de pausa entre um experimento e outro. Naquela camuflagem perfeita, ele gesticula com a boca para fingir que está acompanhando a letra de alguma canção. Numa mesa próxima, duas meninas comentam sobre o rapaz.

- O Morgan é muito dedicado. Ele tá sempre estudando aqui na biblioteca. Quando não é isso, aquela cadeira é o lugar preferido dele para relaxar escutando as músicas antigas que ele gosta de ouvir. Ele tirou a nota máxima na prova para mestrado.

Indiferente aos comentários, o rapaz olha para o relógio. Após escutar que Duon e Dick estavam indo embora, ele pega o celular e escreve uma mensagem para alguém.

“Acabaram com o interrogatório ...”

Dentro de um galpão abandonado, somente iluminado por buracos feitos de tiros nas telhas de alumínio que recobrem o local, uma criatura com cabeça de salamandra e corpo de homem vê o recado enviado por Morgan. A criatura veste um terno negro e óculos escuros. A parte não humana possui escamas negras e é recoberta por um tipo de camada oleosa que criar uma aparência de superfície úmida e gelatinosa. Além disso, ele tem várias fissuras vermelhas pelo rosto e os olhos são vermelhos com íris amarela. No chão, há uma fileira de materiais para tortura e armas. Perto daquele monstro, há uma máscara branca com desenhos vermelhos que representam a nota musical Mi maior. Após ler o recado, o monstro fala sozinho.

- Hora de passear pela cidade.

Pela noite, Dick sai pela janela do apartamento de Sofia. A assistente do detetive usa uma roupa de camuflagem negra e escala a parede do prédio até chegar o terraço. Após trocar de roupa, ela desde com uma bolsa pelas as escadas do prédio, como se nada tivesse acontecido. Após sair pelos fundos, ela entra dentro do carro que Duon está.

- Pronto ... Câmeras e escutas colocadas como se nunca tivéssemos passado por aqui. Nessas horas, esse meu corpo pequeno e magro é extremamente útil.

- Eu gostaria de ter toda a destreza e maleabilidade corporal que você tem Dick, mas acho que ...

- Só você fazer pilates e yoga ... Eu tô sempre te chamando pra tentar ...

- Vai ficar sempre para uma próxima. Entretanto, mudando de assunto ... Acha que ela vai morder a isca?

- Tenho certeza que vai.

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