01/10 (Duon Naliart): Infeliz Esconderijo

CAP 10 | Infeliz Esconderijo

Pela manhã, Sofia, que dormiu no chão em meio a vários lenços de papel, escuta sobre o caso da enteada do Dr. Hector. Apesar da polícia ter tentado esconder os detalhes do caso, diversas fotos do corpo da enteada do banqueiro foram vazadas. Para o grande público, a desfiguração feita na vítima foi o resultado da ação de uma mente doentia e macabra, mas, para as pessoas que estão sofrendo com a alucinação da Lua dourada, aquilo teve um outro significado. Logo após ver a pele do rosto da mulher sobre o ombro, Sofia interpretou que o assassino queria simbolizar algo com duas cabeças. Além disso, o fato de o criminoso pintar o corpo da jovem com spray amarelo reforça a alusão à raposa que é vista nas manchas presentes na Lua. Em pânico e com as mãos tremendo, ela comenta.

- Não ... Não ... Eles viram atrás de mim ... Estou perdida ... Não pode ser ...

Tropeçando nas próprias pernas, Sofia tenta andar, mas cai sem forças. Então, ela se arrasta até o celular, que ficou dentro da bolsa jogada sobre a cama, e depois até uma cômoda. Dentro do móvel, ela pega uma agenda com vários contatos da faculdade.

- Eu preciso de ajuda.

Sofia começa a enviar várias mensagens de texto para os contados da agenda, mas não tem nenhuma resposta. Sem entender o que poderia estar acontecendo, pois ninguém dava sinal de vida, ela liga para uma amiga do tempo de escola.

Longe do apartamento onde o desespero e aflição fazem visita, em um estúdio de gravação, o produtor musical, que Sofia conheceu na faculdade, está revisando algumas anotações. Ele está dentro de uma sala com outras duas pessoas. Esses estão mais na sombra e as faces deles não podem ser vistas. Então, o homem comenta.

- Vocês precisam perder a mania de estarem sempre se ocultando. Não gosto de conversar com quem não vejo o rosto. Venham para a luz.

Então, após as palavras do pianista, os híbridos Kranfa e Kronfo se aproximam do homem. Os dois estão com a cabeça na forma original de salamandras de fogo. Nisso, o mais novo dos dois, ainda vestindo jaleco, pergunta ao chefe deles.

- Krunre, o médico não está atrasado? A reunião para definir as margens de lucro que ele irá ter ao patrocinar a banda não deveria ter começado há 1 hora atrás?

Sem olhar para trás e revisando planilhas num notebook, o pianista comenta.

- De fato ... Já deveria ter começado, mas você sabe como esses ricos excêntricos são ... Eles gostam de chegar atrasados para se sentirem importantes. Como é importante não alterarmos os hábitos cotidianos deles no momento, eu não me importo de começar um pouco antes ou um pouco depois.

Sem externalizar para os subordinados, Krunre reflete.

“Afinal ... Tempo é o que mais temos por aqui ...”

Após Kranfa falar, o outro hibrido se manifesta.

- É muito irritante andar por aí com o rosto de humano. A pele fica repuxando o tempo todo. Além disso, as orelhas são insuportáveis. A angulação da visão nem se fala ...

- Com o tempo você se acostuma. No início, eu achei bem ruim ler os artigos do laboratório com os olhos humanos. Com o tempo, acho que me acostumei. Lógico, se não tiver alguém perto, eu mudo o rosto para nossa forma normal, pois é muito melhor.

Enquanto os dois híbridos comentam sobre conveniências e problemas da mudança de forma corporal, Krunre observa, pela câmera de segurança, que o futuro patrocinador da turnê está subindo pelo elevador. Então, o pianista comenta.

- Já que vocês estão falando sobre as formas humanas ... Melhor os dois voltarem para o disfarce, pois nosso convidado está chegando.

O médico que, na noite passada estava em reunião com o Dr. Hector, agora está se reunindo com o produtor musical Krunre. Apesar de ser dono de uma extensa rede de hospitais, o homem gosta de diversificar os investimentos dele. Por esse motivo, contatou o pianista após saber que esse procurava por patrocínio para uma nova banda.

- Seja bem-vindo meu nobre médico. Aqueles ao fundo, são dois rapazes da banda que irá começa a turnê pela Inglaterra. Você pode ter certeza de que esse é um investimento certo. Eles irão estourar em pouco tempo.

Após se sentar, o médico pondera.

- Eu vi os números que eles já alcançaram nas redes sociais. Apesar de uma abrangência local, eu concordo que eles têm talento para arrebatar um grande público. O mercado é muito disputado e uma turnê num país como a Inglaterra irá dar mais visibilidade para a marca da banda.

A reunião segue com todos animados com as metas e expectativas traçadas para o investimento. Após duas horas, o médico sai e o pianista volta a ficar a sós com os híbridos. Então, o produtor musical segue para outro estúdio, acompanhado dos dois subordinados ainda na forma humana. Ele se senta em frente a um piano e começa a tocar. Enquanto produz uma sonata triste e melancólica, ele indaga ao hibrido de jaleco, Kranfa.

- Me diga Kranfa, agora que terminamos nossas obrigações humanas da manhã ... A vítima implorou?

Com um sorriso sarcástico no rosto, o híbrido responde.

- Não. Além disso, ela se recusou a dizer o que foi ordenado. No final, tudo foi um desperdício de tempo, pois ela não serviu.

Ainda tocando suavemente as teclas do piano, como se fossem penas saltitando pela superfície de um delicado lago, num ritmo lento, calmo e harmonioso, o pianista pergunta sobre a outra garota.

Longe daquela reunião e de tudo, Sofia foge para a casa de uma amiga nas montanhas. Quando ela chega, a dona do lugar a recebe abrindo rapidamente a porta e tenta dar um susto na estagiária.

- Não faça isso Laís ... Eu já estou uma pilha de nervos. De qualquer forma ... Eu sou imensamente grata por você me receber! Obrigada!

- Pare com essa formalidade e entre logo tapada!

A mulher, dona de longos cabelos cor de rosa, usa uma máscara com desenhos da nota Sol menor. Ao longe, Dick observa tudo e acha estranho Sofia ter fugido para tão longe, nas montanhas. Ao mesmo tempo, na cidade, Duon está entrando numa sala para falar com o banqueiro Dr. Hector.

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