01/02 (Renguri): Dentro Da Masmorra

CAP 02 | Dentro Da Masmorra

Ainda em choque, Tomás tenta identificar onde está. Ele julga que o lugar parece uma gigantesca caverna contendo amplas galerias vazias e desertas. Cristais no teto e nas paredes iluminam o local, enquanto um vento gélido percorre o espaço. Enquanto caminha devagar e olhando tudo ao redor, a atenção do jovem é interrompida por um urro estrondoso. Logo em seguida, um segundo som arrepia a alma do rapaz.

- O barulho parece ser o grito de um monstro e a acústica desse lugar ainda amplifica a sensação de terro que ele causa.

Após alguns segundos, o garoto escuta outros urros, que parecem mais próximos dessa vez. Então, já esperando pelo pior, ele avista uma criatura, com 30 metros de altura, que lembra um leão-marinho. Apesar do tamanho colossal e do peso, o monstro se arrasta rapidamente pela superfície rochosa do lugar e lança pedras pela boca. Enquanto corre desesperado, Tomás procura desviar dos blocos que caem sobre ele. Ele corre ... Escorrega ... Cai ... Levanta para continuar a fugir. Sem saber para onde ir, o rapaz escala algumas paredes, mas desliza numa rampa e rola até parar dentro de um estreito buraco na parede, o qual parece uma gruta apertada. Mesmo repleto de dor pelo corpo, ele pensa, aliviado, que deu muita sorte.

“Esse é um ótimo esconderijo.”

Com dificuldades, Tomás abre o livro que a sacerdotisa deu. Ele espera encontrar algo que possa ajudar, mas a esperança desaparece rapidamente, pois tudo está escrito numa língua estranha.

“Como eu vou ler isso aqui?”

Então, o rapaz reflete sobre a possibilidade da espada, que apareceu junto com traje criado pela mulher de longos cifres vermelhos, ter algum tipo de magia ofensiva. Por causa do espaço apertado onde está, ele demora a tirar a arma das costas, mas nada acontece. A espada parece ser, somente, um metal comum. Perdido em perguntas, Tomás tem um estalo!

“Talvez eu possa aprender de forma similar ao que acontecia nas aulas de química da escola. O professor falava um monte, mas eu só entendia os desenhos.”

Com isso em mente, o rapaz cogita a possibilidade do livro ter imagens que ensinem algo. Depois de algum tempo desfolhando página por página, finalmente, o jovem encontra desenhos sobre uma sequência de posições com a espada que, após ser feita, conjura um grande cristal de gelo para selar o inimigo. Apesar dos movimentos serem simples, seria ruim atacar sem treino. Para piorar a situação do jovem, não há espaço dentro da gruta onde ele está. Renguri acha mais movimentos desenhados e tenta memorizar todas as posições, mas logo pega no sono. Algumas horas depois, outro urro gigantesco acorda Tomás. Como o barulho parece estar muito distante, o jovem acha interessante sair e tentar treinar um pouco. Enquanto deixa a gruta, ele reflete que, ao sinal de um novo problema, poderia se esconder novamente. Após estar numa área com mais espaço, ele avista um slime de fogo.

"Acho que o primeiro tipo de monstro que eu deveria ter encontrado, aqui dentro, poderia ser esse ou algo do tipo. Slimes são sempre inimigos clássicos para iniciantes.”

Após esses pensamentos, o rapaz sussurra algo baixinho.

- Interessante! Ele é de fogo e minhas técnicas são de gelo.

Tomás, agora pensando como Renguri, considera que treinar com um adversário fraco de fogo é uma grande sorte, pois cogita ter vantagem contra o pequeno inimigo. Sem pensar duas vezes, ele coloca em prática a sequência de posições que estavam no livro. Rapidamente, o slime de fogo é derrotado: o monstro congela, quebra e vira pó de gelo. Após o ataque, Renguri sente muito cansaço, pois a magia resultante drenou muita energia dele. Ainda refletindo, Tomás é surpreendido por uma fome imensa! Por sorte, ao longe, ele avista algumas cenouras azuis. Após se aproximar, ele abaixa e tentar puxar os vegetais, mas é atacado por dois coelhos de olhos negros. De modo furtivo e surpreendente, duas fortes cabeçadas, desferidas pelos animais nas costas do ninja, derrubam o rapaz sem dó e piedade. Eles rosnam para Renguri, mas os monstros ... começam a recuar. Um medo intenso invade o corpo dos animais, pois eles observam um ser faminto. Tomás está com tanta fome que os olhos do rapaz parecem salivar. Minutos depois, calmamente, Renguri está comendo coelho assado com cenoura.

- Ainda bem que eu sou ótimo com acampamentos. Fazer fogueira usando faíscas de pedras é uma habilidade que serviu muito bem agora!

Apesar da falta de qualquer tipo de tempero, o jovem mastiga uma coxa e pensa que aquela é a melhor refeição do mundo. Entretanto, a paz do almoço de Renguri dura pouco, pois um outro barulho surge. O estranho som é baixo e está distante, mas Tomás está extremamente alerta. O jovem reflete que o cheiro da carne assada pode ter atraído algum animal. Então, ele se prepara para lutar ou correr.

“Espera ... Eu conheço esse tipo de som ...”

O barulho torna-se repetido e num padrão bem familiar. Nesse momento, o jovem percebe que são passos humanos. Ao longe e atrás de uma nevoa negra, surge a silhueta de um guerreiro estilo samurai. Apesar da neblina, Renguri nota uma fumaça branca saindo do olho daquela pessoa. O ser é um homem e vai para a claridade. Então, o samurai pergunta se o jovem chegou no andar 200 da masmorra descendo normalmente ou foi transportado pela sacerdotisa. Assustado, Tomás grita.

- COMO ASSIM?! Esse é o andar 200 de uma masmorra?

Após o rompante de espanto do rapaz, o samurai abaixa a cabeça e saca uma enorme espada da cintura. Virando o rosto para o lado, ele diz que o jovem foi transportado. Sem olhar na direção de Renguri, o guerreiro fala que irá matar o ninja invocado, pois, só assim, ele, o Samurai das Nove Mortes, terá a energia que falta para sair daquele local.

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