01/01 (Mankara Tori): A Viagem Estranha
- webquadrinhosdefu
- 10 de dez. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de jun.

CAP 01 | A Viagem Estranha
O céu está nublado, mas as condições para voar são positivas. Um avião acaba de decolar do aeroporto numa cidade do Brasil em direção à Inglaterra. Todos os passageiros estão acomodados. As aeromoças já deram as instruções de costume. Naquela situação normal e habitual, um homem de longos bigodes está sentado e relaxado. Ele veste um terno cinza e sapatos pretos. Além disso, no bolso do peito, há um lenço vermelho que combina com a cor da gravata que ele usa.
"Mais uma viagem ... Mais um voo. Saudades do tempo no qual, com 14 anos, eu corria o mundo em cima de carruagens fantasmas ou de pássaros de fogo. Ah Mankara! Você tá perdendo o jeito. Tá ficando velho e lento. Agora, a vida se resume em conferências, palestras e reuniões. Que rotina tranquila e serena para alguém que lutou numa guerra absurdamente insana."
Mankara Tori reflete, sentado confortavelmente, na primeira classe de um voo rumo à Londres. Ele viaja com a intenção de conseguir fechar uma parceria de apoio tecnológico e científico entre o Instituto Aisker e a faculdade Son-On do Chile amparada pelo Deus Zeus. Tentando pegar no sono, Mankara sente algo estranho no ar. Um sentido de alerta e perigo não o deixa descasar. Ele pensa que, talvez, estivesse tendo os sintomas do estresse pós-traumático que sofreu, quando jovem, após o final das guerras astrais. Tentando cochilar novamente, ele sente que não conseguirá ficar tranquilo até descobrir o que poderia estar chamando a atenção dos instintos dele. Então, o mago tira do bolso um baralho com algumas poucas cartas. Mankara passa uma por uma e, finalmente, acha uma carta com a imagem de um golfinho, usando uma coroa cravejada de águas marinhas, dormindo em cima das pedras. Cuidadosamente e com máxima discrição, ele coloca a carta de baixo da manga. Quase sussurrando, ele fala algumas palavras.
- Magia da carta 9: o sonar do golfinho que dorme.
Imediatamente, após falar o nome da magia, ele exibe um olhar de extrema vergonha. Um pouco corado, ele reflete.
"Eu deveria ter mais maturidade e parar de usar os nomes que dei as magias que aprendi quando tinha 14 anos. Já está na hora de eu deixar essas técnicas com identificações mais sérias. Bom ... Seja como for ... O “Sonar do Golfinho que Dorme” é ótima para eu checar os sonhos das pessoas. Se tiver alguém planejando algo contra esse avião ou contra mim, eu vou descobrir."
Com os olhos fechados, Mankara se vê dentro de uma sala com diversos jogos de espelhos que refletem a imagem dele infinitas vezes. Com um movimento das mãos, ele cria várias portas. Inesperadamente, cada reflexo assume movimentos diferentes e seguem por entradas distintas. Nesse momento, todos os passageiros que ainda estavam acordados começam a pegar no sono ou a cochilar. Após isso, mergulhando num pequeno inconsciente coletivo e singular criado por ele naquele avião, o mago visita diversos sonhos simultaneamente. Ele rapidamente vai verificando que naquele voo há pessoas com diferentes classes sociais, profissões e habilidades, mas nenhum bandido, mago ou ser sobrenatural.
Quando Mankara menos espera, ele se vê dentro do sonho de alguém que o mago não consegue identificar o tipo da ambientação criada pela mente da pessoa, pois uma névoa amarelada permeia todo o subconsciente do indivíduo. Após usar uma técnica de dissipação de veneno psíquico, Mankara percebe que está dentro do mesmo avião onde ele se encontra no mundo real, mas existem plantas nas poltronas daquele ambiente onírico. De repente, uma cobra amarela desliza, suavemente, pelo chão na direção do mago. Ao perceber que foi avistada, o animal sobe numa poltrona e começa a bater com a cauda no vidro. Mankara não desvia o olhar do réptil e espera um ataque por parte da criatura, a qual observa o mago com extrema atenção. Então, por um segundo, o homem olha rapidamente para a janela onde a cobra está batendo a cauda. Nesse exato momento, um gigantesco olho de cobra surge pelo lado de fora. Na realidade, melhor dizendo, só um pedaço dele. Assim, Mankara se dá conta da existência de um animal colossal observando o mago.
Muito longe do local no qual o voo Mankara está, uma jovem de cabelos negros e roupa de empregada está penteando uma garota que parece ser a irmã dela. O quarto, onde as duas estão, é um local luxuoso e tem uma arquitetura de hospedaria medieval. Diversos objetos de prata brilham sobre as cômodas e os móveis parecem ser feitos de ouro maciço. Sobre a cama, duas máscaras peculiares estão dispostas uma ao lado da outra. Um dos objetos faz alusão ao rosto de um coiote, enquanto o segundo ao de uma raposa. As máscaras não cobrem todo o rosto e só tapam do nariz para cima. Em meio ao silêncio do ambiente, a garota que está sendo arrumada faz uma pergunta para a que está de pé.
- Já está quase na hora?
- Sim minha irmã. Não se preocupe, pois os nossos convidados serão os mesmo de sempre. Não há nada de novo.
- Ótimo! Eu odiaria ter de improvisar. O mestre parece triste nos últimos anos. Eu acredito que ele está ansiando por mais mortes, mas eu não sei o que posso fazer sobre isso.
- Nada ... Minha querida irmã ... Não podemos fazer nada a respeito, além do que já realizamos todos os dias nessa mansão. Quanto ao mestre, acredito que é uma impressão equivocada da sua parte. Ele está cansado e não triste. Quando tudo estiver concluído, poderemos ver a luz novamente. Tudo será como antes ...
Sem esboçarem qualquer reação de emoção ou sentimento no rosto, as duas garotas continuam os movimentos que faziam antes da breve conversa. Então, naquele quarto, tudo volta ao silêncio tétrico inicial.
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