01/01 (Jur Secleze): DNA Surreal
- webquadrinhosdefu
- 25 de fev.
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de jun.

CAP 01 | DNA Surreal
A noite avança no planeta KX-R8-02 e as estrelas das nebulosas no céu límpido podem ser vistas a olho nu. Numa imensa planície recoberta por uma vegetação carmim rasteira, tipo grama, um imenso complexo de pesquisa, isolado de tudo, está com algumas salas acesas. O local é uma mistura de hotel com base tecnológica, mas toda a arquitetura mistura elementos dos estilos minimalista e futurista. Os destaques das cores são o branco, marrom e o vermelho. No interior de um dos corredores do Instituto De Taxonomia e Cartolografia De Planetas Primitivos, uma mulher de longos cabelos cor de rosa caminha em direção a sala em atividade.
- Ainda tem gente trabalhando ... Toda equipe já deveria estar nos alojamentos.
Ela se chama Nigue. A jovem tem olhos cor de rosa, usa um par de óculos imenso e de lentes redondas, brincos do “tamanho do mundo” e gosta de usar uma jaqueta jeans no lugar do jaleco. Ela tem 20 anos e a cor castanho claro das sobrancelhas indica que a jovem pinta o cabelo. Ao chegar na sala, ela leva um susto ao ver quem está lá dentro. Na porta, sem fazer barulho, ela reflete.
“Se não for um problema gigante, daqueles que só um ou outro sabe, eu vou socar o Jur!”
Diante dos olhos da pesquisadora, o jovem Jur trabalha numa bancada de laboratório extremamente concentrado. Ele possui pele negra, tem sobrancelhas finas, cavanhaque, bigode e está sempre estudando para ser tão bom quanto os irmãos dele. Cabelo curto e óculos gigantes. No quesito jaleco, ele é o oposto de Nigue. O rapaz tem um para trabalho, outro pra comer, um adicional para pesquisa de campo e uma mochila com outros dois reservas. Quase nunca Jur está sem jaleco. Ele foca o olhar numa leitura de DNA exibida pelo monitor do computador.
- Vamos ... Vamos minha belezinha ... Falta pouco!
Com passos silenciosos, Nigue se aproxima do colega de trabalho. Quando está bem perto, ela pega um caderno de anotações sobre a mesa e começa a ler enquanto fala.
- Jur, por que você não vai para casa descansar um pouco? Já está de madrugada! Daqui a pouco seu irmão chega no departamento e você está dormindo sobre a bancada ... de novo. Precisa tanta dedicação para sequenciar o DNA desse organismo? Não dá para alguém do departamento finalizar isso depois?
- Nigue, justamente pelo fato de Jor chegar em breve, eu quero sequenciar isso aqui ainda hoje. Ele tá voltando da expedição à ilha flutuante de Majari e deve estar repleto de novas amostras de plantas, além de insetos, para fazermos análises. Eu já tô levando mais de um mês para definir a sequência completa dessa amostra. Isso aqui tá insano.
- Jur ... Qual está sendo a dificuldade com uma simples amostra? Um mês? Isso é tempo demais. Os sequenciadores estão quebrando quando você corre a análise? É isso?
- Se fosse problema com o aparelho, eu teria resolvido há séculos. Essa é aquela amostra que pertence aos restos de um animal encontrado no fragmento de cometa perto do parque no Planeta dos Kinfor. De início, achamos que os fragmentos de turmalina eram do cometa, mas na verdade, eles fazem parte da constituição do animal.
- O que tem isso demais Jur? Às vezes, a amostra possui uma sequência de DNA que produz uma proteína capaz de biotransformar cristais em turmalina. Nada de diferente do que já vimos. Inclusive, temos guerreiros que são capazes de transformar objetos em pedras preciosas. O que há de tão insano?
Com um olhar de alegria e entusiasmo, Jur explica o que descobriu.
- Dependo da concentração de microcristais que está na amostra a ser testada, eles mudam os pares de bases do DNA. Tipo ... Se não há cristal nenhum, a máquina dá um genoma. Se tem 50%, é outro genoma. Quando existe 75%, parece que estou lidando com outro organismo. Está insano.
A jovem deixa o caderno sobre uma cadeira e se senta numa pia ao lado da bancada onde Jur trabalha. Ela coloca a mão no queixo e começa a ponderar sobre as descobertas do rapaz.
- Você tá querendo dizer que para as espécies, de onde veio esse cometa, o que determina as características morfofuncionais do organismo não é o código genético, mas a quantidade de microcristais de turmalina que está dentro da célula? É isso?
- ISSO MESMO! Eu estou imaginando com deve ser a fauna desse lugar. Deve ser algo incrível e surreal. Uma confusão só, mas fantástico. Por exemplo ... Pelo que tô cogitando, se um coelho absorver uma determinada quantidade de turmalina, ele poderia virar um leopardo da montanha. O que tô tentado descobrir é qual o tipo de animal que originou a amostra que temos.
Então, o diretor do setor de classificação do instituto, que estava escutando toda a explicação de Jur, surge do nada e assusta os biogeneticistas taxonomistas.
- Boa noite Jur Secleze e Nigue Debuan! Como está a minha dupla de jovens cientistas? Acho que escutei uma hipótese interessante do Sr. Jur. Fico extremamente feliz em ver meus aprendizes tão entusiasmados! É muito bom poder trabalhar com sangue jovem e tão cheio de energia. Sinto-me como se tivesse meus 20 e poucos anos novamente!
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