01/10 (Renguri): Febre E Infecção

CAP 10 | Febre E Infecção

Renguri percebe que as feridas externas de Krai não fecharam e o samurai não dá nenhum sinal de que irá despertar. Preocupado com a existência de possíveis hemorragias internas, Tomás começa a ficar ansioso e lembra do conselho dado pelo aliado. A recordação das palavras parece ecoar dentro da mente do jovem.

“Fique mais forte ... Não faça bobagens ...”

O ninja respira fundo, pois sabe que precisa se acalmar e curar o Samurai o mais rápido possível. Além disso, ele reflete que precisa achar um esconderijo logo, pois, em breve, não terá mais força para andar ou carregar Krai. Tomás, ao olhar ao redor e por um breve período, contempla o ambiente daquele lugar. O andar é todo gramado e com algumas ervas azuis fluorescentes. O teto está numa altura tão elevada e distante, que isso faz parecer que os guerreiros estão sob um céu aberto sem estrelas. Ao longe, algumas árvores possuem uma cor amarelada muito intensa e emitem um brilho de bioluminescência extremamente forte, o que deixa o local um pouco iluminado. Após observar tudo isso, Renguri se dá conta que estão praticamente em campo aberto e não há onde eles se abrigarem.

- Talvez, andando mais um pouco, o cenário possa mudar. Se eu seguir na direção daquelas árvores, é possível que eu encontre uma gruta ou coisa do tipo.

Com um olhar em Krai e outro no ambiente, Renguri toma fôlego e começa, novamente, a sequência de posições com as mãos para realizar magias de cura. Ao longe, o puro silêncio. Só algumas folhas voam perto deles e um tímido barulho de vento parece quebrar aquela atmosfera sepulcral. O samurai tem machucados e cortes por todas as partes do corpo, mas o rosto foi mais danificado.

“Eu devo estar fazendo errado! Tem algo que não estou lembrando. Pensa Tomás ... Pensa ...”

Finalmente, ele se recorda de algo que Krai disse, mas não deu muita ênfase.

“Tomás, lembre. Magias de cura funcionam com pouco efeito em pântanos e locais com grande quantidade de energia nefastas, pois o ambiente parece influenciar negativamente na recuperação. Nessas situações, o conjurador precisa emanar uma áurea forte para purificar um pouco a região em volta enquanto realiza o socorro.”

Após ele lembrar disso, o jovem tem uma ideia.

- É isso ... Se o ambiente negativo pode prejudicar, um ambiente tranquilo e harmonioso deve ajudar. Eu preciso me concentrar na paz que esse andar emana, na energia transmitida pelas folhas que o vento carrega, no brilho de luz que chega até mim e em tudo que seja bom por aqui.

Deixando de lado a aflição e preocupação, Tomás se concentra na paz do local e na conjuração dos círculos mágicos. Finalmente, ele vê sinais de progresso. Sem dar atenção a qualquer coisa que pudesse perturbar a paz de espírito interior dele, o jovem continua o processo, por mais arriscado que isso fosse, pois ele deixou de se preocupar com possíveis ataques surpresas vindo de monstros escondidos.

Após fechar as feridas mais expostas no peito e nos braços, Renguri forma um cubo de gelo e derrete sobre a boca do samurai para que esse se hidrate, mas Krai continua desacordado. O rapaz fica pensando em como fará para tirá-los de lá, mas ao ver o bloco de gelo na mão, tem um estalo. Minutos depois, o samurai estava sendo carregado por duas panteras de gelo. Caminhando ao lado, Tomás olha atentamente a região em busca de um local para fazer um esconderijo.

Ao chegarem numa parte com a vegetação densa e fechada, similar a uma floresta, Renguri observa que no alto de uma das árvores existe uma espécie de cabana. A rudimentar construção não possui porta ou janelas, pois essas pareciam ter sido destruídas pelo desgaste do tempo. Além disso, pelo estado das paredes, de fato, aquele pequeno refúgio deveria estar abandonado há anos. No que resta do teto, não dá para distinguir o que é telhado de ervas trepadeiras recobertas por musgos. Apesar do receio, para poder subir e dar uma olhada lá dentro, Tomás deixa Krai encostado numa pedra. Após chegar lá em cima, ele descobre a presença de um coelho de olhos negros no interior da cabana. Quando o monstro avista Renguri, a criatura pula em direção para atacar, exibindo um olhar feroz e uma expressão de fera faminta!

Minutos depois, Tomás prepara ensopado de coelho dentro da cabana. Ao lado dele, Krai está deitado e continua desacordado. Apesar da preocupação com a fumaça denunciar a posição deles, o jovem continua cozinhado. Enquanto reflete que o caldo de nutrientes pode ser administrado mais facilmente do que um bife ou uma coxa, o ninja solta um suspiro, pois imagina que monstros podem aparecer ali a qualquer momento. Renguri coloca a mão no rosto e fala com ele mesmo.

"Se surgirem um ou dois coelhinhos, isso é tranquilo, pois seria como se eu estivesse pedindo comida por aplicativo. O problema é que, a julgar pela dinâmica dessa masmorra, pode brotar, a qualquer momento, um imenso dragão no céu para arrastar essa cabana, comigo e Krai dentro, para as profundezas de um abismo sem fim.

Olhando o samurai, Tomás comenta.

- Acorda cara! Acorda logo! Preciso saber que você está bem de verdade e não perdeu a memória ou teve uma lesão pior no cérebro após tanta pancada.

Fora da masmorra, na sala do trono localizada dentro do castelo de torres vermelhas, o administrador do local escuta o anuncio feitos pelos guardas que guardam a entrada. Dois imensos orcs, repletos de cicatrizes pelo rosto e vestindo pesadas armaduras vermelhas com detalhes de ouro, falam simultaneamente.

- O 1º Comandante da Divisão da Tropa de Sangue Fervente da Cavalaria dos Cavalos Devoradores e Mestre dos Tigres de Fogo, Gramir Lon Grage, acaba de adentra o recinto.

Após se prostrar diante ao administrador, geste repetido pelo tigre de fogo e os dois soldados que o acompanham, Gramim ergue a cabeça na direção do chefe do castelo.

- Meu nobre líder. Diga-me ... Qual cidade iremos incendiar?

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