01/02 (Canino Canis): Guerras Em Glatelar

CAP 02 | Guerras Em Glatelar

Longe do local da intensa reunião, em meio a imensas pontes pedregosas suspensas no ar, torres quebradas, trincheiras sem fim, muros que oscilam no céu e imensos castelos medievais que flutuam numa atmosfera marrom-amarelada, coberta de poeira e grãos pulverizados de pedra, naves voam por baixo das estruturas indo sentido norte e outras passam por cima no sentido sul. Enquanto, em alguns momentos, disparos são disferidos de baixo pra cima, na maior parte do tempo, rajadas de laser são lançadas de cima para baixo.

Correndo pelas imensas superfícies que balançam no ar, as quais dão a impressão de que entrarão em rotação a qualquer instante, uma mulher, de cabelo laranja e quimono branco, lança estrelas ninjas feitas de flores que brotam do chão e espalham as pétalas pelo ar. Os ataques acertam e destroem diversas máquinas pequenas que voam naquela guerra. Em seguida, ela avança rapidamente, rola pelo chão, pula e corre pelas paredes. Enquanto a guerreira, de cabelo longo e preso como um rabo de cavalo, dispara tiros sônicos com armas automáticas, ela se desvia de projéteis energéticos lançados por criaturas com corpo feito de plasma alaranjado. Todos os alvos da mulher são eliminados com perfurações na testa, pois ela não erra nenhum tiro. Quando a soldado avista um ser de plasma laranja carregando um pequeno disco negro, ela sussurra algo no ponto eletrônico perto da boca.

- Canino 81-99B242. Um “Plata” está prestes a fugir para outra parte desse planeta. Venha para cá agora me ajudar. Quero um rastreio e extração do item que está com ele.

Em seguida, ela marca o alvo com um laser, que atinge o ser no ombro. Ao perceber o que tinha ocorrido, a criatura de plasma começa a correr para trás. Depois, tendo cobertura de outros da mesma espécie, ela se vira e salta por pedras e escombros que flutuam no ar. Então, vindo de um dos castelos que estavam sobre ataque, em meio a explosões e tiros disparados por naves que voavam em torno da estrutura, um forte estrondo é escutado por quilômetros de distância. Em meio a atmosfera de poeira, quebrando paredes, um canino vestindo um exoesqueleto militar surge. Enquanto ele dispara tiros precisos em naves que voam por baixo das estruturas, ele corre na direção para onde sentiu a marcação magnética feita pelo laser da comandante dele.

Vendo que o alvo estava indo mais rápido do que ele poderia alcançar, o canino se joga da ponte e cai em cima de uma nave inimiga, que continua a voar em linha reta sem perceber o intruso. Nas pedras, pontes e mais seja lá o que fosse que flutuava naquele local, a mulher loira corre abatendo mais criaturas de plasma. Os inimigos, ao serem acertadas nas testas pelas estrelas ninjas, emitem ondas de radiação azul pelo corpo e caem. De repente, debaixo de uma ponte, um urro forte! O canino quebra a estrutura com uma cabeçada e derruba o alvo em, que foi arremessado para longe.

Ao ficar de pé novamente, a criatura de plasma percebe um canino na frente dele. Então, o ser remodela o chão de pedra e faz surgir um portal, pelo qual ele entra e some do local. Entretanto, o Canino, ainda atirando nas naves que disparam contra ele e se desviando dos tiros, fecha os olhos por alguns segundos e emite um som inaudível com a boca. Ele produz um tipo de frequência ou sinal que quebra as leis do espaço-tempo e da física conhecida pela humanidade. As ondas varrem todo o planeta, batendo e ricocheteando em qualquer estrutura de superfície. Além disso, elas também são “refletidas” em qualquer tipo de onda eletromagnética, sonora ou energética que encontram. Entretanto, aquele tipo de sinal não escapa para o espaço sideral, pois acaba sendo “mandado de volta” para a superfície pelos gases das camadas estratosféricas mais distantes. Em 0,000009 segundos, o canino já tinha feito um mapa completo do planeta e determinado com precisão a localização do alvo. Como o registro sonar-energético fica defasado à medida que o alvo se movimentava, o canino repete o mesmo barulho com a boca a cada 5 segundos.

Detectado o alvo a 10.000 km de distância, o Canino salta novamente da ponte e dessa vez ele cai em queda livre. Quando atinge uma superfície árida e de coloração alaranjada, ele corre numa velocidade assustadoramente rápida e sem fazer um barulho sequer. Longe do palco de batalha, outro ser de plasma laranja está com o inimigo que escapou. Então, esse novo personagem pega o dispositivo e some do local. Entretanto, ele deixa uma cópia do aparelho com o que ficou. Após isso, o ser de plasma deixado para trás se senta no chão e começa a remodelar o espaço em volta. Ele cria lanças de ouro a partir das moléculas dos gases que formam a atmosfera do local. Todo esse processo libera uma monstruosa quantidade de energia, que o ser absorve com a intenção de se preparar para o confronto. Indo até o oponente, ainda correndo, o canino percebe uma gigantesca lança de ouro cruzando o céu. Aquela colossal arma é formada pela reunião de outras lanças menores e tem por objetivo aniquilar completamente o soldado de elite.

Distante do planeta, o ser de plasma que escapou reflete.

- Toda essa batalha por causa de um pequeno dispositivo. Tolos corpóreos. Eles não têm a noção das coisas que essa tecnologia é capaz de fazer. Mesmo que não tenhamos o conhecimento sobre quem produziu esse orbe negro opaco, certamente a criatura ou raça possui uma capacidade destrutiva sem igual.

Olhando para o pequeno objeto, ele conclui os pensamentos que faz naquele momento.

- Eu espero que, quem criou isso, tenha parado nesse dispositivo. Me preocupo em pensar na possibilidade desse artefato ser só um protótipo deixado para trás, jogado em qualquer canto do espaço-tempo, como se fosse lixo ou uma sobra. O criador disso pode ser um inimigo muito maior do que aqueles contra os quais estamos habituados a lutar.

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