01/07 (Canino Canis): A Sala Do Diretor
- webquadrinhosdefu
- 1 de jul. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 17 de jun.

CAP 07 | A Sala Do Diretor
Sentado numa cadeira e dentro de um cubo transparente de blindagem, o Dr. Credan está sendo vigiado por guardas com formas de cachorro humanoides. Mais ao longe, o cientista avista soldados da tropa Canino fazendo a segurança daquele estranho local. O lugar é um amplo espaço dimensional branco e contém quatro portas de ouro gigantescas, cada uma num ponto cardeal diferente. Como as colossais estruturas estão “infinitamente” distantes do Dr. Credan, o cientista só consegue as enxergar como miniaturas amarelas que reluzem num infinito sem fim.
O Dr. tenta focar a visão na porta ao norte, mas a tentativa é inútil. No entendimento do cientista, aquilo deveria ser uma prisão de espaço infinito modelável. Ao pensar sobre isso, vindo da direção leste, um som, parecido com o movimento gerado por engrenagens de uma imensa e pesada estrutura metálica se abrindo, é escutado pelo ser com mais de 40.000 anos de idade. Após se virar na direção do barulho, ele observa que o espaço está se contorcendo. A miniatura da porta se aproxima. Como o Dr. Credan especulava, aquilo é uma porta colossal. Então, uma figura sai de dentro dela. A silhueta, sendo ofuscada pelo brilho dourado que emana logo atrás dela, caminha na direção do prisioneiro. Enquanto a imensa passagem se fecha e volta a posição de origem, a imagem do Diretor fica mais nítida. Após ficar bem perto do cubo de blindagem onde o Dr. Credan está, o Diretor começa o interrogatório.
- Dr. Credan, revele. Por qual motivo o senhor criou um canino que não fosse para as atividades típicas de guerra? O senhor entende o risco que uma variante da espécie pode representar para a segurança dos habitantes dos planetas próximos? Dr. Credan, eu também quero confirmar se o Sr., após todo esse vasto e infindável tempo, resolveu mudar de lado e trabalhar em comum acordo com nossos inimigos.
O Dr., simplesmente, olha para baixo.
- Então, os outros três já sabiam da existência do Canino. Eu achei que eram só especulações ou teorizações. Dessa forma, aquele encontro não foi uma reunião, mas sim um interrogatório. Como não posso mais esconder o fato, posso falar abertamente. Durante anos, tenho me culpado por criar tantos Caninos e os enviado para a guerra. Eu, além de os criar, também fui o responsável pelo mecanismo gênico que é acionado quando um deles é capturado ou morto. Com o tempo, eu percebi que transformar um organismo num monte de massa derretida e sem forma, após tanto trabalho para construir, treinar e desenvolver, não é “muito certo”. Não sei o motivo, mas isso começou a me incomodar. Por um lado, eu me sentia incompleto por não ter as habilidades suficientes para os fazer mais fortes, ao ponto de que nunca morressem em combate. Por outro lado, eu me sentia culpado pelo fato de, após diversas longas sessões de análises nas massas amorfas que voltavam das guerras, ter de ir a eventos luxuosos com comidas, músicas e alegrias que os caninos mortos jamais poderiam vivenciar. Em um momento, eu me julguei não ser um cientista completo. Eu não era capaz de criar soldados indestrutíveis e que pudessem ter uma vida.
O Diretor, após escutar essas palavras, cria uma cadeira ao remodelar os átomos do chão da sala. A ação do Diretor chama a atenção do Dr. Credan, mas o cientista prefere não indagar sobre como o homem fez aquilo. Então, o inquisidor se senta e olha diretamente para os olhos do prisioneiro para fazer a próxima pergunta.
- Ego ou coração?
Com um sorriso no rosto, o Dr. Credan responde aquela indagação.
- O canino que você procura foi uma solução que encontrei de poder fazer, pelo menos para um da espécie, o que eu não pude fazer para tantos outros deles que morreram em combate. Em outras palavras: cuidar, ensinar e proporcionar uma vida com felicidade.
O Diretor, agora com um tom de voz mais denso e pesado, faz uma nova pergunta.
- Dr. Credan! A quanto tempo esse Canino está sendo ensinado e educado?
O Dr., agora enchendo os pulmões de ar e melhorando a postura na cadeira, parece querer desafiar, com os olhos, o Diretor.
- Esse Canino que você menciona se chama Canino Canis e é meu filho! Eu o vi crescer desde antes de pequeno. Eu não gerei ele numa máquina com equipamentos somente. Eu o ensinei a falar, a andar e a ler. Ele foi meu amigo de horas de estudos e pesquisas. Ele não é um soldado de guerra. Ele é meu sucessor! EU O CRIEI E O FIZ PARA SER MAIS QUE UMA PEÇA DE COMBATE! Hoje ... Nesse momento ... Ele, mesmo com alguns anos de vida, é mais inteligente que eu e os outros três magníficos juntos.
Ao escutar as palavras do Dr. Credan, o Diretor leva um susto imensurável. Aquele ser, que já presenciou as piores guerras e balatas, sentiu o chão desaparecendo sobre os pés e tudo ficando turvo ao redor. Apesar da horrível sensação sentida, o Diretor mantém a postura fria. Ele levanta e vira-se de costas para sair sem falar mais qualquer outra palavra com o Dr. Credan. Nisso, o espaço na sala se contrai e o portão de ouro se aproxima. Após sair daquele local dimensional, o Diretor chega, imediatamente, numa sala reservada que parece um escritório. Lá dentro, ele pega um dispositivo similar a um celular. Com a mão levemente tremendo, ele ordena que os assistentes dele achem a segunda em comando da Base 8-B do planeta e impeçam a Rufiane de matar o alvo. Mantendo a voz firme, ele tenta não demonstrar o medo que permeia todo o corpo dele.
- Digam que é uma ordem do Diretor.
Em seguida, ele informa uma senha a ser dita para a segunda em comando. Dessa forma, Rufiane irá saber que a contraordem é real e legitima. Então, ele desliga o celular e reflete.
“Um ser mais inteligente que os quatro magníficos juntos pode ser um grande inimigo ou um grande aliado. Esse organismo pode ser capaz de criar todo um conjunto de novos caninos mais fortes que a tropa original. Eu não acredito que o Dr. Credan fez isso. Eu gostaria de acreditar que fosse mentira, mas a espécie dele não consegue mentir. É uma incapacidade biológica que quase levou a raça deles ao extermínio num passado remoto. Eles não foram dizimados somente por causa da ajuda dos Nemesianos. É de conhecimento geral que, mesmo com trabalho de diversos pesquisadores por milênios, ninguém conseguiu criar um tipo de mutação ou “tratamento” capaz de modificar essa característica da espécie. Se o Dr. Credan disse que o Canino Canis é mais inteligente que os Quatro Magníficos juntos, eu não posso, simplesmente, desconsiderar essa verdade.
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